11 de dez. de 2009

Caminhada sem rumo.


Por muitos dias eu carreguei em minhas mãos meu pesado escudo de aço e minha espada.
No deserto sozinho eu caminhei sozinho tendo a companhia somente de minha consciência, que por sinal me dizia sempre que não desanimasse e continuasse a caminhar.
Clamei por socorro e minha voz ecoou pela imensidão quente e solitária.
Caminhei por mais umas duas horas, não sei ao certo, não tinha mais noção de tempo; encontrei água e sombra.
Descansei meu corpo e ainda vestido de minha armadura e com os punhos doloridos devido ao peso de minhas armas, adormeci rapidamente.
Acordei no meio da noite com o vento alisando meu rosto. Logo amanheceria e eu eria de partir.
Antes do sol despontar no horizonte pus-me a caminhar. Foi um caminhada não muito curta e eu começava a alguns traços da civilização antiga; arruinada pela guerra.
Enquanto eu passava pelas ruínas de meus olhos caíam lágrimas. Desprendiam-se e rolavam com destino ao chão seco.
Ajoelhei-me, em pensamento perguntava o porque de tanta ausência de amor.
O céu se fechou numa densa camada de nuvens carregadas e cinzentas, ainda ajoelhado eu pensava em meu filho, tão pequenino e separado de mim quando tive de partir e separado da mãe ao nascer; a morte a levara sem piedade do pequeno ser que dela dependia ainda.
O que teria acontecido com ele...
Levantei e andei sem rumo, ainda atordoado por ver tanta destruição no lugar onde um dia eu quis e sonhei ser feliz. Agora eram ruínas.
Num desabafo eloquente, chamei meu Superior de injusto. Foi quando senti meu coração se abrandar, gritar me fez abrir a alma.
Fechei meus olhos, deitei-me na poeira agora molhada pela chuva que caía e permaneci ali. Senti meu corpo leve, bem leve.
Caminhei em direção ao despenhadeiro que dava vista pro mar; como era lindo.
Já era noite e a lua cheia iluminava tudo, meu corpo teve desejo da lua do mar.
A beira das pedras, deixei no chão minha espada e meu escudo, minha armadura tirei cada peça que a compunha. O vento forte me alisava os cabelos e o corpo agora desprotegido, ensandecido em minha loucura lancei meu corpo ao mar.
Sentia meu corpo tão leve a descer... mais leve ainda, sentia minha alma ao céu subir.

3 comentários:

dand disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
dand disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Digamos que hoje, a minha caminhada esteja parecida. Sem Rumo.As vezes não sei o que sentir, ou o que eu sinto o por quê de sentir. Nem sei em quem me apoiar..e se me apóio o por quê de apoiar.. Sei lá..Sei lá..
(D)