30 de nov. de 2009

Minutos antes de um beijo

Já fazia tempo que estava ali em pé esperando que tomasse certa dose de coragem para vir falar comigo.
Eu apenas esperava.
Haviam fotos, cartas, gestos, atitudes e várias outras coisas que me davam uma certa certeza sobre ele, mas eu deixava tudo fluir calmamente.
Eram evidências pequenas e marcantes.
O sorriso tímido que desprendia de seu rosto era atraente; demais até, ao ponto de quase me fazer tomar o seu lugar e chegar ao ponto de ir puxar um assunto qualquer.
Me controlei e esperei.
Aos poucos a timidez foi sendo vencida e ele se aproximava devagar, acho que no fundo era um certo receio a minha reação.
Mau sabia ele...
Chegou e me disse um "oi" na intenção de que alguma conversa fosse a partir dali iniciada. Foi o que aconteceu.
Eu lia suas vontades pelos seus olhos. A minha era a igual.
Algum tempo passou e a conversa foi tão boa que nem perebemos.
Meio que sem notarmos, ficamos em silêncio por um breve tempo, isso se repetiu umas três vezes. A cada pausa de tempo em silêncio nos olhavamos carinhosamente. Fui abraçado repentinamente e adorei a sensação. Ele segurou minha mão e eu me senti confortado.
Nos beijamos.

29 de nov. de 2009

Por uma noite apenas.


A pequena mancha de batom ainda restava quase apagada em meu rosto, eu a vi durante a noite, dançava tão levemente que me contentei apenas em olhá-lá dançar.
Era jovem e conquistava com o olhar.
Eu me perdia em seu sorriso e ela me encontrava em cada gesto que fazia enquanto me abraçava, as vezes era apenas um leve carinho pelo rosto ou um leve beijo nos lábios. Quando ela deixava a pista de dança por alguns instantes e vinha em minha direção eu olhava seu jeito de andar.
A boate estava cheia e ela se dava bem no meio da multidão que pulava sem parar. Pra mim era como se ninguém mais estivesse ali, cada passo que ela fazia era um momento oportuno para que eu a observasse.
Mais uma vez ela veio a mim.
Já era madrugada, despediu-se com o beijo em meu rosto; a marca permanceu até agora quando abro a porta de casa.
Foi apenas uma vez. Não sei se a verei de novo...

Publicação da perda de razão


Em vão tentei juntar os pedaços do vidro quebrado que jogara no chão minutos antes de alguém deixar a sala vazia.
Pensei ser o pior pesadelo que eu já tivera; mas não era.
Realmente estivera ali e se fora logo depois. Me senti estranho, com um misto de alívio e tristeza invadindo meu coração.
Lágrimas me lavaram a face e tentei secá-las; ao menos nisso obtive sucesso.
Sentei rapidamente e quando me levantei-me percebi que meu coração estava pulsando mais rápido, de um jeito que eu jamais havia percebido antes. Pensei em sair correndo rua afora.
Desisti.
Coloquei certa quantidade de vinho branco francês em uma taça, mas não bebi. Ali ela ficou, estagnada em cima da mesinha de centro que ornamentava a sala pequena.
A noite passou, senti que o vento frio entrava pela janela e sacudia as cortinas azuis do meu quarto.
A exaustão me tomou por completo e deitei na cama vazia e fria, adormeci, acordei um pouco tarde no outro dia e tentava recuperar em minha mente o que havia acontecido na noite passada. Tive dificuldade em separar realidade e fantasia; fantasia... melhor dizendo, dificuldade em encarar a realidade.
Foram dias longos desde que eu presenciara a sua partida.
Algumas semanas se passaram eu me sentia melhor, não tanto quanto preferiria estar, mas me sentia bem o suficiente para não ficarm em casa trancado no quarto lendo livros de auto-ajuda. No fundo eu sabia que podia ser feliz em algum momento. Toda vez que eu lembrava daquela noite um frio me descia por todo o corpo, por isso eu preferi esquecer, por opção mesmo. Senti que uma tontura me tomava o corpo, aos poucos era como se eu tomasse posse do meu consciente. Mas não me lembrava de tê-la perdido na noite passada.
Eu não sabia o que era... não sabia quem eu era...
Não sei quem sou.

28 de nov. de 2009

São duas taças.

São duas taças ao lado da janela
Uma cheia, a outra não
É o terceiro andar e da janela,
Eu vejo as luzes acesas
Vejo casais
Há um lugar vazio na mesa
Sobra uma taça
O vento sopra
Esfria meus cabelos
Me traz pensamentos
Surgem lembranças
Aparecem alegrias
Desprendem sorrisos
A lua me acaricia
Vejo a sombra da mesa no chão, só
Há um lugar vazio.
Sobra uma taça, vazia.

Escritura de uma eternidade




Me diga com seu sorriso mais sincero o que se passa em sua mente
Faça seu coração ser livre
E chegar perto do céu sem medo do que tem lá embaixo
Toda mazela que tiver, embrulhe e devolva ao dono o presente não aceito
Cultive amigos no seu canteiro chamado vida
Colha abraços e muito amor
Sempre que precisar,
E quando não precisar também.
Use sua capacidade e faça careta nas fotos
E seja egoísta em seus beijos apenas, seja quente nos seus abraços
Torne-se dono de suas vontades
e resposánvel pelas suas consequências
Tenha medo também, é ele que vai te empurrar pro improvável e incerto
Mas é ele também que vai te fazer olhar pra trás e sorrir, ver que tudo valeu a pena
Acredite na eternidade, a vida seria muito injusta em acabar quando o caixão se fecha.
Dê uma flor pra um amigo, escreva um poema ou um texto qualquer
Isso te fará uma pessoa mais amável.

Confie em alguém.
Viva em harmonia com qualquer tipo de vida e com qualquer força estranha.
Acredite em si mesmo.
Leia, leia, leia, leia...
Colecione cultura, mas nunca colecione pessoas.
Guarde na sua estante o que for necessário ao seu bem viver e abra a tampa da lixeira ao que não acrescenta nada pro mundo.
Quando achar que o fim está próximo, plante uma árvore; veja a semente florescer e acredite...
Aconteça o que acontecer, o mundo continuará girando e a vida, vai continuar sendo vida, até que a morte se dê conta de que ela é uma vírgula e não um ponto final.