25 de dez. de 2009

Desabafo confuso

Ele não sabia o porque de seu coração ficar cinza tão de repente e não ter uma eplicação descente para si mesmo, no fundo era meio frustrante. Tão decidido e sem uma resposta.
A noite tinha o céu estrelado, a lua minguante e na sua pele branca o vento fresco tocava com uma força diferente.
No fundo era um homem diferente, na aparência e no jeito de ser; seus cabelos alaranjados pela tinta já descolorida, unhas grandes e brilhantes extremamente claras, dedos finos e mãos grandes. No rosto um sorriso sereno que deixava transparecer sua melancolia repentina, a serenidade que se desoirebdia de seus olhos era aparente. Não sei ao certo o que o deixava assim, apenas sentia.
Tinha vontade de arrancar de dentro de si tudo que o o sufocava, era isso sentia vontade de gritar pra jogar tudo fora... jogar fora, ele nem sabia ao certo o que era e se fosse importante?
Precisa voar, precisa descansar das pessoas e de si mesmo...
Queria o mar e queria o vento.
Queria o mar.

21 de dez. de 2009

O mar

Sentada na beira da pedra a pequena garotinha observava peixinhos que pulavam no mar.
Era tão pura a imagem que eu via, que me coloquei no lugar dela por um momento.
Sem problemas, sem preocupações, sem amores mal resolvidos, sem nenhuma mazela da vida adulta; apenas a infância.
Que saudades eu sentia da minha. O balanço, as balas escondidas, as férias, os peixinhos no aquário...
Eu lembrava de tudo.
A garotinha sorria enquanto via através da água límpida aqueles peixinhos no mar, tão pequenos e singelos. Ela se envolvera com o jeito em que nadavam na água calma. E de longe eu observava, atento e calado a tudo.
As ondas estavam calmas no final dessa tarde, tudo parecia calmo; o vento, a água, o mar, eu, a menina... Era inal de verão, com o ar melancólico de algo que vai embora carregando um pedaço de algo que não sabemos o que, mas na verdade eu sabia que nao lvava nada além de minhas lembranças, a saudade que eu sentia de quando era pequeno.
Por um momento pesnei um pular na água e antes que eu pudesse voltar à realidade eu olhava pra cima  via a garota rindo de mim todo molhado na água e um pouco decepcionada por eu ter espantado os peixinhos pra longe, mas mesmo assim ela ainda se divertia, agora com outra cena.
Molhado e feliz, eu saí da água com a sensação que um pouco do que eu lembrava, vinha a tona novamente.
Agora pelas pedras eu observava o sol se por e as pndas quebrando na beira da praia.
Sem prestar atenção, não notei que a menina fora embora. Não sei com quem nem pra onde.

E os peixinhos, ainda estavam lá, no canto da pedra; tímidos na água calma.

19 de dez. de 2009

Os olhos da negra

Sentada na porta da sala da casa simples de sapê, a velha negra se mantinha ali olhando a plantação de milho que havia a sua frente.
O sol quente castigava a pele negra das outras pessoas que ali na lavoura trabalhavam. Seus olhos velhos choravam lágrimas já quase secas que desciam por sua face.
Seu povo ali, seus filhos ali; alguns. Outros separados logo depois do nascimento, como sofria.
A velha escrava já na fase final de sua vida colocava-se a pensar sobre tudo que já havia passado diante dos seus olhos. Tristezas, alegrias, frustrações, esperança...
-Oh Deus.
Ela pensava consigo quando acabaria, quando seria livre; de verdade.
Ali sentada na sala tinha em suas mãos a velha bengala que a ajudara por longos anos a se locomover pela simples casa e também no chão de terra batida do pequeno quintal. Vez ou outra quando tinham tempo para uma saída escondida rápida, um de seus filhos vinha vê-la. Ela ficava feliz, de verdade e até esquecia da vida de sofrimento.
Ali sozinha ela se lembrava do tempo em que ainda trabalhava forçada na densa lavoura. Ao final do dia se o trabalho não estivesse perfeitamente completo, era certeza de apanhar no tronco. Como doía, doía o corpo e doía o espírito. Mas o tempo passou e o que a mente mandava o corpo não mais obedecia. Perdeu seu valor, e como recompensa por seus anos de trabalho como escrava de lavoura e parideira da senzala recebera a humilde casa como benefício e ali vivia sozinha desde que a vida de seu velho companheiro fora levada pela picada de uma cobra venenosa.
As mãos agoras trêmulas seguravam a bengala enquanto os olhos mais uma vez se enchiam de lágrimas, a emoção que a lembrança de seu velho companheiro era forte demais. Que saudades ela sentia.
Ali sozinha, ela sentia ele perto, como quando se conheceram.
Num suspiro de alívio, suas mãos afrouxaram a bengala, seu corpo perdera todos os movimentos que restavam. 

E ao encontro do chão a bengala ía suavemente, enquanto seus olhos se fechavam.

 

18 de dez. de 2009

Prisioneiro emoldurado

Paris ainda despertava e Marine abria os olhos com a luz que entrava pela janela de seu quarto.
A noite de sono agitada devido aos seus sonhos conturbados a deixaram com olheiras profundas.
Ela sabia que o passeio que planejara pra hoje seria no mínimo bom. Ela iria sozinha.
Acreditava em si mesma e possuía "auto-diversão". Longe da família ela aprendera a ser sozinha, a se divertir sozinha. Se divertia fotografando.

Levantou-se e tomou seu café da manhã.
Já aos pés da Tour Eiffel ela observava sentada o movimento dos turistas; com sua câmera fotografava-os. Cada movimento era capturado pela lente de sua câmera.
A foto que ela tirava agora, chamaria sua atenção quando revelasse ela.
Resolveu ir para casa e já na sala escura as imagens iam aparecendo.
Foi quando sem saber o nome do rapaz, olhou-o preso ali no papel fotográfico.
Com um sorriso forte, uma mochila com a alça atravessada pelo peito, um blusa preta e calça comum na luz do sol fraco que fazia lá pela hora do almoço.
Ela observava cada detalhe da foto, as outras fotos perderam completamente seu foco diante daquela que ela obervava e cuidava mais atenciosamente.
E foi ali sentada na cadeira que ela se deu conta, agora era só uma foto. Nada mais.
Preso no papel, emoldurado num quadro, aquele sorisso enfeitaria alguma parede agora.
Anoitecia e Marine adormecia.
Amanhã mais sorrisos, gestos e movimentos seriam presos pela lente da câmera.

Preso no papel, emoldurado num quadro, aquele sorriso enfeitaria alguma parede.

17 de dez. de 2009

Os sapatinhos amarelos.

Sentado na beira da praia eu me colocava a pensar.
O que seria de minha vida a partir daquele momento uma vida dentro de mim comecia a crescere eu não sabia o modo como dar a notícia para as pessoas que eu mais amava na vida.
Meu agora ex- namorado foi claro e direto:
- Se vira, não quero filho nenhum. To caindo fora.
Minhas lágrimas nem sei o porque, não caíram; mas no undo era essa atitude que eu esperaria de um moleque.
E sentada ali na a beira mar eu observava o balanço das ondas eu acariciava minha barriga que nem aparentava sinal de gravidez ainda. Eu me sentia tão feliz. Meu filho ou filha, seria a criança mais amada do mundo, independente de quem o rejeitasse. Eu o queria mais do que qualquer outra coisa na vida.
Já se passava da hora do almoço e agora eu queria ir pra casa, a fome apertava e agora eu precisava comer por dois.
Cheguei em casa sorrindo.
Abracei meu pai e beijei estaladamente a bochecha de minha mãe; minha irmã não estava em casa.
Entrei no meu quarto de paredes azuis, separei uma roupa bem leve e fui para o banho. Cuidadosamente eu ensaboava e acariciava minha barriga.
Fui pro quarto depois de me secar e vesti minha roupa, na frente do espelho eu me observava.
Quando todos estavam reunidos pra almoçar, eu levantei e dei a notícia, assim, sem cerimônia mesmo.
Senti pela cara de todos cada reação...
A felicidade de minha mãe.
A surpresa de meu pai.
E a rejeição da minha irmã, que agora, era menos que nada pra mim.
Depois do abraço de cada um, eu senti uma certa segurança.
Deitei em meu quarto e adormci profundamente.
Já estava anoitecendo quando eu acordei e notei ao meu lado um pequeno presente com um cartão.
Era de minha irmã.
Na pequena caixinha decorada com desenhosde bebês, mamadeiras e chupetas; havia um pequeno sapatinho amarelo com um cartãozinho escrito:
Irmã,
Desculpe a minha não alegria ao receber sua notícia.
Fiquei surprendida e feliz.
Meu sobrinho ou sobrinha, é uma alegria muito grande. Felicidades.


Imaginado os meses se passando, adormeci novamente com o par de sapatinho nas mãos, um sorriso nos lábios, meu filho no meu ventre e amor que sentia por ele, no coração.

16 de dez. de 2009

A partida.

Aos poucos as luzes iam sumindo de meus olhos, tudo ia ficando mais difícil...
Eu já respirava com dificiculdade e acredito que meu sangue já não corria com toda sua força em minhas veias e artérias.
Eu sentia as mãos de minha mãe afagando meus cabelos e de longe sua doce voz me dizia:
- Filho, eu te amo; isso vai passar.
Eu sentia em sua voz o tom do choro que ela não deixava sair para não me assustar e nem me deixar mais aflito do que eu já estava.
Deitado ali no chão eu sentia o asfalto frio embaixo de mim, era insuportável.
Meu corpo todo doía muito, mas eu o sentia mais leve. Aos poucos o que me restava das luzes foram se resumindo a pequenos feixes luminosos e escutava minha mãe dizer:
- Meu filho, reage. Não me deixe.
Senti meu olhos se fecharem...
Meu corpo já era tão leve, eu o sentia levitar e a dor sumira de meu ser.
Do alto eu já conseguia ver com alegria o corpo que eu deixara ali no chão, minha alma se elevava.
Eu sentia um nó na garganta, minha mãe e meu irmão mais novo choravam ao lado de um corpo sem vida; inanimado.
Eu queria dizer-lhes que não chorassem, nem ficassem trsites, mas não me foi possível. Aos poucos fui me afastando.
O tempo passou, eles talvez tenham entendido depois.
Eu sinto falta do abraço de minha mãe e do som da voz do meu irmão. Meu pai nunca conheci.
Aquele acidente me fechou os olhos da matéria e parou minha respiração. O amor que eu recebera durante minha vida terrena, me impulsionou a sempre amar aqueles que precisam e o que não precisam também.
Vai saber porque. Ninguém sabe.
Eu só queria ter tido forças pra dizer a minha mãe que eu a amava e ao meu irmão, que ele foi o melhor irmão que alguém poderia ter.

E só por aquele instante, fechei meus olhos, antes que eu pudesse ir minha última lágrima escorreu.

15 de dez. de 2009

As folhas que caem.

Estava parado ali olhando as folhas caírem da árvore, com o vento que passava forte, era outono e pela janela da sala eu observava tudo atento.
Meus olhos se moviam de acordo com os movimentos que as folhas faziam ao cair, tudo era calmo e um pouco frio.
Eu me lembrara das férias felizes que passei na casa de meus avós quando tinha sete ano, na beira da praia tudo era tão colorido e quente; agora eu estava na janela da sala olhando o vento frio que a todas as folhas carregava.
Era nostalgico ficar ali lembrando de minha infância. Agora aos 25 anos eu sentia saudades de quando queria ser adulto logo, demorava tanto...
As flores que tinham no jardim de meu avô, eram lindas, amarelas, reluziam o brilho do sol.
As folhas que caíam da árvores, eram apagadas, sem vida. Dava um certo contraste com o céu cinzento de um dia nublado de outono. Mesmo sozinho com minhas lembranças das férias de infância, eu me sentia feliz. 
Feliz por lembrar do calor do sol, da areia da praia, das flores amarelas, do calor, da água do mar que insistia em molhar nossos pés enquanto caminhávamos na beira do mar.
Eu cresci, as férias acabaram, os dias esfriaram, o verão dera lugar ao outono.

Ventava tanto, e o vento, carregava as folhas da árvore a qual meus olhos acompanhavam todos os movimentos.

14 de dez. de 2009

Perguntas estranhas

Quem nunca quis usar um tênis velho
Andar no meio fio
Ou jogar pedra no rio ?


Quem nunca chorou por amor
Xingou porque sentiu dor
Ou teve medo da luz acabar contigo no elevador ?

Quem nunca pensou antes agir
Errou e não quis admitir
E teve as bochechas dormentes de tanto rir ?


Quem é que nunca sonhou que estava voando
Que estava na rua a caminhar
Ou que estava na festa sem dançar ?


Quem nunca jurou e cruzou os dedos
Nunca escondeu os seus medos
Ou nunca teve um segredo ?


Que amou e depois chorou
Sorriu pra agradar

Ou mentiu pra disfarçar ?

11 de dez. de 2009

Caminhada sem rumo.


Por muitos dias eu carreguei em minhas mãos meu pesado escudo de aço e minha espada.
No deserto sozinho eu caminhei sozinho tendo a companhia somente de minha consciência, que por sinal me dizia sempre que não desanimasse e continuasse a caminhar.
Clamei por socorro e minha voz ecoou pela imensidão quente e solitária.
Caminhei por mais umas duas horas, não sei ao certo, não tinha mais noção de tempo; encontrei água e sombra.
Descansei meu corpo e ainda vestido de minha armadura e com os punhos doloridos devido ao peso de minhas armas, adormeci rapidamente.
Acordei no meio da noite com o vento alisando meu rosto. Logo amanheceria e eu eria de partir.
Antes do sol despontar no horizonte pus-me a caminhar. Foi um caminhada não muito curta e eu começava a alguns traços da civilização antiga; arruinada pela guerra.
Enquanto eu passava pelas ruínas de meus olhos caíam lágrimas. Desprendiam-se e rolavam com destino ao chão seco.
Ajoelhei-me, em pensamento perguntava o porque de tanta ausência de amor.
O céu se fechou numa densa camada de nuvens carregadas e cinzentas, ainda ajoelhado eu pensava em meu filho, tão pequenino e separado de mim quando tive de partir e separado da mãe ao nascer; a morte a levara sem piedade do pequeno ser que dela dependia ainda.
O que teria acontecido com ele...
Levantei e andei sem rumo, ainda atordoado por ver tanta destruição no lugar onde um dia eu quis e sonhei ser feliz. Agora eram ruínas.
Num desabafo eloquente, chamei meu Superior de injusto. Foi quando senti meu coração se abrandar, gritar me fez abrir a alma.
Fechei meus olhos, deitei-me na poeira agora molhada pela chuva que caía e permaneci ali. Senti meu corpo leve, bem leve.
Caminhei em direção ao despenhadeiro que dava vista pro mar; como era lindo.
Já era noite e a lua cheia iluminava tudo, meu corpo teve desejo da lua do mar.
A beira das pedras, deixei no chão minha espada e meu escudo, minha armadura tirei cada peça que a compunha. O vento forte me alisava os cabelos e o corpo agora desprotegido, ensandecido em minha loucura lancei meu corpo ao mar.
Sentia meu corpo tão leve a descer... mais leve ainda, sentia minha alma ao céu subir.

9 de dez. de 2009

Sem as mãos dadas


Ele não deu tempo para que eu dissesse o quanto era especial pra mim. Suas mãos se soltaram das minhas como a linha de uma pipa que se arrebenta com o vento forte.
Não sei o que foi.
Ele se foi, correndo e sem olhar pra trás.
Talvez fosse medo, ou talvez fosse ciúmes; ou talvez os dois. A cena não saía da minha cabeça e eu tentava imaginar o porque do rumo que as coisas tomam de repente. Eu senti sua falta durante a noite. Desliguei o celular e me pus a pensar sozinho numa forma de vê-lo e abraçá-lo. Era isso que eu queria.
Amanheceu e eu acordei estranho. Cansado, pela noite mau dormida.
Levantei, lavei o rosto e comi uma coisa qualquer.
Aconteceu que mais uma vez a chuva caiu fina e fria, do jeito que faz a gente lembrar o quanto é bom ter alguém ao nosso lado pra deitar abraçado e ver filme.
Isso me fez ter um sorriso instantâneo. E ao mesmo tempo fez o sorriso se desmanchar, foi apenas um pensamento de algo que não iria se concretizar agora.
Da janela do meu quarto eu olhava a copa da árvore da frente molhada, respigando as gotículas de sereno e balançando por causa vento frio.
Era o que me restava fazer.

8 de dez. de 2009

Mais uma vez.


Era evidente sua mão segurando a minha.
Firme em alguma parte do tempo, mas esperando alguma atitude minha integralmente.
Eu sentia o palpitar rápido do seu coração pela ponta do meu polegar, sentia o frio nas pontas dos seus dedos e sentia a ansiedade me corroer por dentro. Novamente estávamos ali parados, um ao lado do outro e ansiosos para que alguma ação fosse tomada pelo outro.
Demorou até que alguma coisa fosse feita.
-Me dá um beijo?
Escutei sua voz ecoar baixa pelo canto em direção ao meu ouvido.
Sem nada falar, eu o respondi.
Simples, forte, desejado... Enfim; acontecido.
Um abraço forte posterior ao primeiro beijo. Mãos enlaçadas, corações disparados, lembranças na cabeça e o ar estava quente ao nosso redor.
Fechei os olhos, abracei-o novamente.
Senti que fomos feito uma estação do ano, não sempre, mas algumas vezes apenas nos mantemos perto por um certo período de tempo.
Olhei em seus olhos, sorri e beijei seu rosto.
O frio que eu sentira desapareceu, a ansiedade em seus olhos sumira.
Nos abraçamos mais uma vez e ficamos ali, juntos por um breve momento.
Apenas.

6 de dez. de 2009

A desenhista


Seus dedos compridos e finos pareciam tensos e contraídos diante do desenho que ela segurava enrolado em sua mão.
Ela era uma artiste feliz.
Não possuía muitos bens materiais, mas tinha sua liberdade, a vontade de sempre querer pintar o belo, vivia em paz consigo mesma.
Uma moça havia parado na sua frente.
Aos poucos o papel em branco ganhava alguns traços feitos em giz preto, suaves e simples.
O rosto tomava forma no papel; a moça ali parada esperava que a desenhista finalizasse o desenho.
Sentada no seu banquinho de madeira clara, a garota desenhava tranquilamente, tentando passar para o papel toda a sutileza dos traços da mulher.
Os cabelos foram desenhados, risco a risco, fio a fio.
As sombrancelhas arqueadas minuciosamente sobrepostas em cima dos olhos puxados.
Os finos lábios foram desenhados e mantido em tom de cinza claro, já que eram rosados.
Desenhou o colar que ela trazia no pescoço.
Arrematou as margens do papel.
Deu uma pequena assinatura no canto inferior direito, enrolou o papel e entregou a moça.

5 de dez. de 2009

Funeral


Amélia estava lá, na beira do caixão e segurava o choro.
O funeral estava vazio, mas ela ainda permanecia lá.
Ela desmoronava por dentro; ele foi seu único amor.
E agora estava lá, pálido e frio; sua boca rosada agora estava roxa.
Amélia observava-o. Contida em seu sofrimento, observava-o.
Seu desejo era que fosse apenas o pior pesadelo de sua vida e que mais tarde ele fosse acordá-la com um beijo e abraçá-la dizendo:
- Foi só um pesadelo amor.
Seguido de um abraço forte e carinhoso.
A amiga chegara e tinha nas mãos um flor branca, deixaou na beira do caixão e abraçou Amélia, que sem conseguir conter o choro deixou que as lágrimas lavassem seu rosto.
Amanheceu e era um novo dia. Ela passou a noite em claro e amiga toamava conta de cada choro, de cada espasmo, de cada suspiro mais longo e triste dela.
Ela conversou com a amiga.
Suas palavras foram simples e claras.
-Ele estava aqui, agora pouco. Mas não está mais.
Seus olhos se fecharam, suas lágrimas desceram e o caixão; à terra desceu.

4 de dez. de 2009

Virtualidade.

Pessoalmente seus olhos nunca me fitaram.
Suas mãos eu não sei se são frias, nem sei se são quentes.
Uma curiosidade latente exala de sua mente.
Um certo charme em seu olhar.
Uma irritabilidade em mim causa às vezes.
Foi do acaso.
No começo, físico.
Depois, amizade.
Parece com uma estrada reta;
Parece fácil de lidar, mas não é.
Se sente esperto.
Interpreta bem.
Mas não se expressa tão bem aos meus olhos.
Porém entendo o que se passa consigo.
Não sei como se define.
Aceito.

Flores molhadas.


Decidiu que iria mudar.
Começou pelo shampoo que usava em seu cabelo. Não sei o que pensava na hora, mas de fato, essa já era uma mudança.
Sua vida estava virada.
Sentia necessidades, desejos, alegrias, tristezas... enfim, tudo se misturava em meio a multidão que perto dele passava.
O que seria de sua vida depois que tudo isso se resolvesse ? Era uma dúvida no mínimo estranha, ele queria que tudo tivesse um fim, mas não sabia que fim poderia ser. No fundo, tinha medo.
Precisava de alguém que pudesse ouví-lo. Por um momento passou em sua cabeça uma antiga paixão, foi rápido o suficiente pra tirar daqueles lábios trêmulos um sorriso leve, sincero.
O relógio antigo da matriz que estava perto marcava a sétima badalada das dez da noite. Uma fina chuva caía.
Esfriava a ponto de seus dedos começarem a ficar dormentes, mas não incomodava-o.
Sua mente viajava, volta e meia olhava em direção ao futuro que não sabia qual era; seus olhos distantes pareciam querer desabar em lágrimas que se misturariam a água da chuva que escorria de seus cabelos loiros. Pareciam apenas, se manteve firme e engoliu um choro solitário.
Se sentia corroer por dentro.
Correu em direção a praça vazia, sentou-se ao lado de um pequeno jardim com flores amarelas que com a luz branca que iluminava o local, refletiam pequenos raios de luz nas gotas de água sobre suas pétalas delicadas.
Observara atentamente enquanto a fina chuva caía e sorriu.
Num gesto singelo e calmo, levantou-se e foi embora.

3 de dez. de 2009

Os olhos de Maria.


Eram duas ou talvez três da madrugada, ele, ainda ali sentado na beira da calçada esperava que ela voltasse e lhe arrancasse toda a dor do coração que sentia nesse momento.
Uma leve brisa alisava seu rosto e esfriava suas lágrimas que insistiam em cair lentamente, uma seguida da outra.
A noite passava e sua cabeça parecia explodir, num misto de tristeza e a dor causada pelo choro continua; na verdade se isso acontecesse seria um alívio para ele.
De longe, Maria olhava pra ele. Apenas olhava.
Acho que agora ele tentava secar os olhos, na esperança de que ela voltasse.
Sozinho, ele levantou-se e pôs-se a caminhar sem rumo pela madrugada.
Ele não era do tipo romântico, mas sentia falta de amor, sentia falta de carinho, sentia falta de alguém perto.
No seu trajeto sem rumo, pensou em tudo isso. Teve a sensação de que olhos ainda o seguiam.
Era Maria; que sem encontrar motivos o acompanhava de longe.
Ele parou, acho que hesitou em sentar novamente, mas desistiu. Já era tarde.
Voltar pra casa, deitar na cama e colocar a cabeça no travesseiro macio com fronhas qaudriculadas seria a melhor maneira de pensar melhor na sitação que lhe ocorrera essa noite. Isso foi só um pensamento.
Ele foi pra casa e parou diante da porta.
Por um descuido, Maria se permitiu ver por ele.
Se entreolharam por um tempo.
Ele sentou. Maria ficou lá, em pé, parada olhando-o.
Ele ia entrar; Maria o chamou.
Deu-lhe um abraço. Do seus lábios um sorriso sincero escapou.
Ele entrou.
E a brisa, ainda alisava rostos pela madrugada, agora o de Maria.

1 de dez. de 2009

Não deixei você pra trás


Vamos, não me deixe fugir para o mundo de outro alguém. Mesmo estando em outros braços ainda sinto que uma parte é sua.
Vamos, pegue a sua parte e guarde dentro do seu coração com muito carinho.
No fundo ainda te espero.
Não deixe que meu sorrisos tenham outros motivos e outras pessoas.
Deixe meus dias mais diferentes, deixe minhas noites mais calmas. Deixe que a brisa nos toque e que suas mãos me toque.
Me permita ser livre, seja livre junto comigo.
Permita-se ser feliz e eu te permito ser pra sempre.
Não chore. Me abrace.
Não sinta saudade. Me faça uma surpresa.
Flutue.
Ame.
Viva.
Ao meu lado, que ainda te espera, por mais uma primavera.
Com uma rosa na mão e um sorriso nos lábios.
Vamos, me faça uma surpresa.