17 de jan. de 2010

Queda D'Água

Passando pela estrada retilínea e extremamente longa, eu observava algumas quedas de água que cortavam a densa mata que cobria o chão da serra, acima haviam nuvens baixas que cobriam seus picos. Enfim, as cachoeiras me faziam lembrar de mim mesmo e viajar pra dentro de minhas próprias lembranças.
Do alto das pedras a água descia veloz e hora ou outra se chocava com alguma pedra e a pequena nuvem esbranquiçada se formava ao redor da mesma. Vez ou outra eu quebrava a cara com alguém ou alguma idéia mal sucedida, eu partia e formava nuvens pequenas também e logo depois já me regenerava num poço por perto, intacto e transparente.
A velocidade aumentara e mais rápido eu percorria a estrada.
Outras visãos de outras quedas de água eu tinha, cada uma com sua particularidade.
Vi uma em que a água apenas contornava as pedras diante de uma pequena queda. Eu na maioria das vezes contornava meus problemas como forma de enfrentá-los e resolvê-los; assim eu fazia. A árvore com flores em sua copa dava o tom de alegria ali por perto, sutil e alegre. Tão natural.
Uma outra logo ali tão alta, lembrava meus momentos de liberdade em que subia bem alto e o som que a queda fazia era harmônico; o próprio grito de liberdade que muitos desejam dar. Com frequência eu o fazia.
Bem vindo a cidade, dizia a placa. Dos meus pensamentos eu fora arrancado e trazido a realidade.
Não adiantava disfarçar, o sorriso em meu rosto era evidente, assim como o rio que se entregava ao mar.

13 de jan. de 2010

Doce Abraço

De perto agora seus olhos me encaravam.
Durante toda minha vida me falaramsobre como seria quando ela se aproximasse de mim. Falavam que um frio indomável se apossaria de meu corpo. E agora eu conseguia olhá-la de perto e não sentia medo de nada.
Meu corpo se esquecera do frio que me avisaram...
Eu sorria de leve apesar do cansaço e da força que fazia pra conseguir manter o ar em meus pulmões.
Acho que suas mãos tocaram as minhas finalmente, não eram quentes e nem geladas; ou eu não tinha mais sensação nenhuma. Com certo cuidado chegou mais perto e envolveu meu corpo num só abraço e juntos estávamos. O dia ainda estava claro, mas a noite descia com certa rapidez e eu ali sozinho com ela cada vez mais perto sem que houvesse reação nenhuma de meu corpo ou sequer de minha mente, eu já havia me conformado com minha condição dali pra frente, ela me conduziria.
Meus movimentos que ainda restavam, deixei-os pra trás e deixei que me levasse consigo.
Num abraço eterno com agora minha companheira, meus olhos despediram-se da luz e se fecharam.

Mina mão já não mais trêmula agora, parada, gélida e solitária encostara no chão sem vida.

7 de jan. de 2010

Amigo Virtual - final

O sol despertava já cedo e clareava a beira mar muito cedo. Na cama perto da janela eu acordava com a luz acariciando meu rosto. Tomara meu café bem cedo pensando em aproveitar o dia desde logo cedo.
Fui caminhando em direção a praia e sentindo em meus pés a areia fina que o mar deixa na costa. Por diversas vezes eu me deixei levar pelos pensamentos da noite anterior, como numa fábula infantil, pensei em colocar uma carta na garrafa de vidro com destino ao meu amigo e jogar no mar... ele assim como eu morava na serra e nunca que a carta chegaria a ele, mesmo que morasse perto do mar. Eram quilômetros de distância que nos separavam um do outro e agora mais ainda, longe do meu mundo virtual a única coisa dele a qual eu tinha acesso, era em minha memória; suas fotos, palavras...
Além dos meus sonhos, quando eu tivesse acordado, podia pensar nele sempre que quisesse.
Comecei a sentir muita falta de tudo, da casa, da comida, da cama, do mundo virtual, dele; principalmente dele. Ficar sem me comunicar com ele, sem saber que ele estava pelo menos ali comigo me deixava um tanto ansioso para chegar logo e conversar ao menos um pouquinho e saber que naquele momento, sua atenção era minha. Ao chegar em casa novamente e me deitar pra descansar e ouvir música meus olhos se fecharam num mundo apenas de imagens e palavras, fotos...
Apenas fotos.
Os dias foram se passando e a semana acabando, dando lugar ao dia de volta pra casa. Confesso que fiquei feliz em ter de volta toda minha vida real e virtual de novo.Ao chegar em casa, tomei um banho e coloquei uma roupa leve.
Na ponta dos meus dedos estavam as teclas e a vontade de me comunicar novamente, em clique e uma mensagem; estávamos juntos novamente. 

Amigo Virtual

Enquanto eu descia a serra pra passar as férias na praia, eu imaginava que meu mundo virtual e meus amigos que lá estavam ficariam no alto da serra, na minha casa e desligados no meu computador. E de certa forma ficaram; com exceção de um.
Eu lembrara que um deles em especial me disse certa vez que queria muito ir à praia e sendo coincidência ou não, ele era o que mais e chamava a atenção, aliás, era o único. Seu rosto de bebê e seu cabelo cacheado me encantavam de uma forma diferente. Eu gostava.
Nos últimos dias nos falamos mais e nos aproximamos. Eu sentia vontade de largar minha cidade e ir correndo até onde ele mora e abraçar bem apertado, matar a vontade que começava a me sufocar já.
Sentado na beira de uma praia pouco visitada com um sol não muito forte, mas o suficiente pra aquecer o corpo, o mar molhava meus pés com o vai e vem das ondas. Levantei-me e caminhei em direção a casa onde eu estava hospedado.
O sol já havia cedido o seu lugar pra lua no céu e anoitecera rapidamente; eu me pus a dormir pois o dia me deixara cansado, era uma tarde de férias, mas a água do mar me exigiu bastante energia.
Já deitado na cama, o cansaço quase me vencia e ele me veio a cabeça, um sorriso saltou de meus lábios e meus olhos pesados se fecharam.
A última imagem antes de dormir que eu me lembro era a primeira foto sua que vi. Antes que meu corpo realmente relaxasse e entrasse em sono profundo, imaginei como seria seu abraço...
Suspirei.
                                     [continua]